Em ampla expansão, o setor segue crescendo no Brasil, apesar das crises geradas pela pandemia de Covid-19, e deve atrair ainda mais investimentos em 2023
Em um mundo cada vez mais globalizado, onde novas tecnologias da informação e da comunicação que aumentam a valorização econômica da diversidade cultural surgem o tempo todo, e a falência dos modelos econômicos tradicionais em promover desenvolvimento e inclusão parece cada vez mais inevitável, a economia criativa encontra um terreno fértil para seguir crescendo, apesar dos percalços. Em ampla expansão, o setor, que engloba público e privado e envolve a ciência e a tecnologia, além de promover o desenvolvimento social inclusivo, torna-se importante desenvolvedor de inovação econômica e social, com grande potencial para a criação de novos empregos, empresas, produtos e serviços com alto valor agregado, pautados na criatividade e no talento dos profissionais da área.
Publicado em julho, o último mapeamento da Indústria Criativa 2022, feito pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), analisou detalhadamente a dinâmica, cenários e tendências do setor em cinco estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul), entre 2017 e 2020, anos marcados por profundas incertezas. Apesar da crise gerada pela pandemia da Covid-19, que afetou diretamente a área criativa em todo o Brasil, o estudo mostrou que a participação do PIB Criativo no total do PIB brasileiro aumentou ainda mais, passando de 2,61% em 2017 para 2,91% em 2020.
A Economia Criativa movimentou cerca R$ 217 bilhões em 2020 no Brasil e conta com mais de 935 mil profissionais criativos formalmente empregado, incluindo áreas como comunicação, cultura, arquitetura, moda, design, softwares, áudio visual, mídias interativas, vídeos games, entre outros. Áreas como Tecnologia e Consumo puxaram o avanço do chamado PIB Criativo, que, para se ter uma ideia, foi comparável à produção total do setor de construção civil do ano e superior à produção anual total do setor extrativista mineral do Brasil.
O estudo, que tem objetivo de traçar um perfil do setor da Indústria Criativa para estimular políticas públicas específicas e orientadas para cada área, além de ajudar a definir estratégias de negócio para elas, é organizado pela Firjan desde 2008 e tem como base dados oficiais do Ministério do Trabalho e Previdência e acompanha o desenvolvimento da área criativa, verificando sua representatividade, evolução e perspectivas de futuro no curto e médio prazo.
Um dos setores de maior crescimento na economia mundial, a Economia Criativa prospera não apenas no Brasil, mas ao redor do planeta, se tornando uma das áreas mais rentáveis em termos de geração não apenas de lucros, mas de empregos, produção e circulação de bens e serviços que são pautados na criatividade e na inovação, fatores chaves para a sua existência. Mesmo diante de um período de recessão econômica, como aconteceu nos últimos anos, graças às facilidades geradas pelo avanço da tecnologia da comunicação que deu maior acesso à informação, o setor ampliou mercados e facilitou o contanto entre o produtor e o consumidor.
O resultado disso é que a expectativa para 2023 seja de ainda mais investimentos no setor. Em São Paulo, por exemplo, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo já anunciou que pretende dar continuidade às ações do CreativeSP/Programa de Internacionalização da Economia Criativa, que tem como objetivo gerar negócios, atrair investimentos estrangeiros para o estado, incentivar o intercâmbio das empresas paulistas do setor, além de promover a capital paulista e seus criativos internacionalmente.
Além disso, a cidade sediará a Cúpula 2023 do World Cities Culture Forum em 2023. O evento, previsto para acontecer no último trimestre, trará uma agenda focada em seis eixos de debates: Economia Criativa; Mecanismos de Gestão Pública, Acesso à Cultura, Tendências Setoriais e Debates Internacionais. Este será o primeiro evento internacional de cultura para cidades promovido por São Paulo e o primeiro evento da WCCF na América Latina. A Cúpula da World Cities Culture Forum é uma das plataformas internacionais mais importantes para a troca de experiências entre os líderes das cidades e especialistas culturais sobre o papel da cultura como um princípio organizador da cidade sustentável no futuro, e fato de acontecer por aqui deve trazer à cidade diversas oportunidades no setor.
Além de ser o único encontro anual presencial das cidades-membro, a proposta da Cúpula é proporcionar aos tomadores de decisões e responsáveis por políticas públicas um espaço para intercâmbio, geração de novas ideias e fortalecimento de respostas políticas diante dos desafios contemporâneos de acesso à cultura em suas localidades. “A indicação de São Paulo como sede da Cúpula do WWCCF no próximo ano é a confirmação de que a nossa cidade, a cada ano, se consolida como protagonista nas políticas de inclusão cultural, social e de desenvolvimento sustentável”, resumiu o prefeito Ricardo Nunes.
Tudo isso deve fazer com que a arte, a cultura, o cinema, a música, e as artes visuais, entre outras áreas do grande espectro da Economia Criativa, passem a ser cada vez mais vistas como um negócio que faz parte do PIB. No Brasil muita gente ainda enxerga o campo das artes apenas como entretenimento e, por isso, tal crescimento é fundamental para que as pessoas entendam que arte e cultura são importantíssimas também do ponto de vista da economia. Com a possibilidade anunciada do retorno do Ministério da Cultura e de políticas públicas nessa direção, além dos resultados positivos dos últimos anos, o cenário não poderia ser melhor para os profissionais do setor.